domingo, 6 de dezembro de 2009


Isabel Mendes Ferreira

retratada por Dina Aguiar

in IMAGENS

uma espécie de rosa

(para a Isabel Mendes Ferreira, amiga de sempre)


por mais velas que acendas


não é com fósforos que vais

desenhar abraços

nem com réguas e compassos

que me acendes o coração.

foram longos os percursos

desde o ciclo do cavalo

debruado pela constância

da relação de mim contigo

e já não resta uma só sílaba

das palavras que me dizias.

o tempo foi-me subida

penosa até ao cimo de

um penhasco rugoso

no entanto mestre de ofício

lento e minucioso:

aprendi a oferecer rosas

quando a alma definhava de dor

aprendi a escrever poemas

com a fé dos peregrinos

aprendi os cânticos e o êxtase

próprios do amor.

por isso aprecio a maneira

delicada de quem escreve

com o corpo e dança com a

alma.


Ângela Marques, a 27 de Novembro, in A MINHA BABEL